sexta-feira, janeiro 20, 2006

Todas as noites toca...Sou eu...

Todas as noites toca um telefone na Lua.
Sou eu, sou eu a marcar o numero automatico dos poetas de hoje para gritar ca de baixo codigo de astros: Esta la? Esta la?
Aqui Terra, zero, zero, zero, zero, zero. S.O.S.!
Fome, odio de mil patas, tiranos com cutelos de cinzas, bandeiras de pele humana, olhos furados de cardos, mortos que so veem o ceu atraves dos caminhos das raizes - e as maes a baterem nos filhos para lhes ensinarem a instrucao primaria das lagrimas.
Aqui escravos, preguica, azorragues de chumbo derretido, exportacao de tedio dos palacios dos ricos, carregamentos de bocejos, suor em latas para discursos de demagogos, mordacas com restos de bocas de cadaveres, furia de tumulos, guerra, raptos, incestos, automoveis imbecis, saques, mandibulas nos olhos a roerem o azul - e dedos de subito de ferro-em-brasa nos seios das mulheres, lodo de sol aparente que continuam a ser deusas nos jantares de cerimonia com os colos luzidios das horas empertigadas.
Aqui planeta zero, zero, zero, nada de torres de musgo, punhais a rasgarem noites em vez de chagas, paises de arame farpado, vulcoes de sangue, batalhas trespassadas do frio dos esqueletos concretos - e ainda por cima a carne das mulheres so e real um momento, um momento apenas e em vao tentamos fixa-la com um sopro de frio no rasto deste defunto com um caixao as costas cheio de coracoes vivos. S.O.S.! S.O.S.!
Fantasmas de todos os planetas! Fantasmas de todos os planetas!
Saltai em para-quedas no silencio que ha por dentro do silencio e vinde salvar-nos! Vinde salvar os homens para aqui abandonados ao pesadelo de si mesmos, so a serem homens, homens apenas, homens sempre, de manha a noite, semi-homens, infra-homens, super-homens, ex-homens...
E fartos, fartos, fartos, fartos, fartos, fartos desta desistencia de ja nao quererem ser deuses! Nem de transformarem cavalos em relampagos!
Jose Gomes Ferreira
AMEI beijo crislua

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